VIETNAMITA,
A
BELA
GEORGE OHSAWA
Ela é bonita, graciosa, pequena e leve, ágil como uma jovem truta que
nada contra a corrente, tão rápida que se torna transparente e impercetível...
Ela é uma flecha que voa, vendo-se apenas a sua sombra traçando uma linha
no fundo.
Ela é bela, fofa, encantadora, ela não fala, ela não faz nenhum barulho,
mas ela fala muito com os seus olhos negros, negros como a noite, profundos
como o oceano.
Como as noites que criam e preparam e impulsionam toda a vida com seus
sonhos-histórias, longos ou curtos, cheios de amor ou ódio, brilhantes ou
sombrios, heroicos ou trágicos, grandiosos ou miseráveis...
A Vietnamita é bela, rica, mas tão
simples, levemente vestida, toda branca de neve fresca.
A sua longa saia é cortada dos dois lados, dividida em dois painéis que
batem, na frente e atrás, a cada passo, envolvendo os seus lindos pezinhos.
Quando ela anda em linha reta, os longos panos da saia navegam no ar, para
cima, para baixo, e trazem a frescura de uma brisa nesse clima tropical sob o
sol ardente.
Ela é fresca, elegante e nobre. Ela é a flor totalmente aberta do lótus
branco, que vive apenas três dias!
Ela sai do grande pântano perdido nas profundezas da selva, para perfumar
os campos, os arrozais, as pequenas vilas, as pobres choupanas, o humilde altar
das choupanas dos pobres trabalhadores, onde toda a família, todas as manhãs,
saúda e oferece um pequeno prato de arroz, um símbolo de profunda gratidão a
Deus, Buda, Lao-Tse, Confúcio, Jesus, Maris e os ancestrais, todos juntos!
Ela distribui esperança e a coragem para todos, todas as manhãs.
Ela é o lótus branco, a flor de Buda.
As suas grandes pétalas são os pratos que trazem o pão diário para todos.
Olhe para o colar de Vietnamita que brilha!
É feito de uma centena de cereais diferentes, que são a energia
cristalizada, fontes da vitalidade: cereais de arroz, trigo, aveia, millet,
bajila, milho, feijão, ervilha, sementes de lótus, todas essas joias em
múltiplas cores brilhantes.
Ela é a rainha da selva onde toda a vida nasce, a selva é a verdadeira
fábrica divina, o "palácio das crianças” (“Palácio das crianças"
significa útero em chinês e japonês”) do reino dos céus.
A Ordem do Universo Infinito se impõe.
Yin atrai Yang, Yang atrai Yin.
Yang é atraído por Yin, se Yin for mais poderosa, maior.
Yin é atraído por Yang se Yang for mais poderoso e maior.
A Vietnamita é tão poderosa e grandiosa pela sua beleza e charme!
A beleza atrai o feio brutal, é a lei!
A Vietnamita, a Bela atraiu tantos brutais, um após o outro, desde tempos
remotos...
O brutal ama e adora a Vietnamita, a Paz, mas o seu amor é violento, o seu
afago é muito forte.
O amor e o afago de um leão são fortes demais para uma pequena borboleta.
Eles a esmagam! O afago de um hipopótamo mata a pequena truta jovem e
nua!
Os americanos são atraídos pela Vietnamita, a Bela.
Eles a amam e admiram, a Vietnamita, a encantadora. Mas o seu afago é
muito forte para ela.
Milhões de dólares em balas e bombas, mil beijos esmagadores dos
americanos rasgam a frágil Vietnamita...
Mas a Vietnamita graciosa mantém o seu sorriso tão encantador!
Sim, é possível aprender um pouco de etiqueta e boas maneiras para amar
uma criatura tão delicada diante da brutalidade furiosa e impaciência.
Yin vem depois de Yang, com certeza!
É inútil atacar o brutal... sejamos
derrotados, batidos, reprimidos, até que finalmente o brutal se acalme,
cansado!