A
CURA ESTÁ NA ALMA
Por George Ohsawa
Depois de tratar muitos doentes,
estou profundamente convencido de que aqueles que adoecem são as pessoas que
têm um crime grave no seu carma, e que a doença é um castigo de Deus, pelo qual
devemos ser muito gratos.
É óbvio que as crianças e as pessoas
que se encontram numa situação que não lhes permite uma escolha são exceções.
No caso das crianças, são os pais que serão punidos. Não há sofrimento tão
doloroso e tão triste quanto o dos pais que cuidam dos seus filhos doentes.
Aqueles que não têm escolha na vida são muito raros.
Em outras palavras, na minha opinião,
quem adoece e quem adoece seus filhos são pessoas que não conhecem Deus, a
Grande Natureza, o Grande Universo, o Infinito Absoluto, a Alma. É por isso que
aquele que adoece, é um preguiçoso, estúpido, triste e lamentável, que não
reconhece, que negligencia o infinito, Deus, a Grande Natureza. Ninguém tem o
direito de dizer que não conhece o mundo do infinito absoluto, Deus, a Grande
Natureza. Enquanto tivermos a nossa alma, não podemos dizer tal coisa, porque
nossa alma sempre pode ir e se divertir na terra de Deus, no mundo de Buda, no
infinito absoluto, e de fato nossa alma está se divertindo lá.
Este mundo de Deus, o mundo da
"alma", sendo infinito e absoluto, não há limite de tempo e espaço. Podemos viajar 10.000 anos atrás, assim como
no mundo futuro daqui a 10.000 anos.
Este é o mundo da Liberdade Infinita.
Embora nosso corpo permaneça neste mundo limitado, nossa "alma" nasce
e é criada em num mundo inteiramente livre. Podemos fazer (pensar) o que
quisermos com a alma.
Este mundo de perfeita Liberdade é
precisamente o país de Deus. Já que é lá que vivemos, que a nossa alma vive,
não se aceita dizer que não conhecemos este mundo do infinito. Se não o
sabemos, essa "ignorância" já é um crime. Mesmo a lei que o homem
fez, não perdoa quem a violou por causa de sua ignorância.
Por isso nós não podemos dizer que
desconhecemos o mundo criado por Deus , já que é lá que moramos.
Não há crime tão terrível como o de
ignorar este “País de Deus”, “O Mundo do infinito”, “A terra natal da alma”. Em
comparação com este crime, todos os outros são pequenos e mínimos e fora de
questão. Se não formos capazes de viver
no “País de Deus·,
conhecer ”O país
natal da alma”, o homem não pode levar uma vida
feliz neste mundo. Também é óbvio que ele não pode fazer um trabalho que valha
a pena. Tudo o que ele precisa fazer é adoecer ou ficar infeliz. Todas as
doenças e todos os infortúnios ocorrem como resultado da falta de um Princípio
Universal correto ou como resultado da posse de um falso princípio instrutivo.
Epicteto disse: "O único Bem é
conhecer o caminho do Infinito e ignorar este caminho é o único Mal neste
mundo".
É esta famosa "Alma" que
cura os doentes. Sem entrar neste "Mundo da alma” você nunca pode curar as
doenças nem levar uma vida feliz e saudável. Uma vez que esta alma é
perfeitamente livre (o próprio Deus, ou o Absoluto Infinito) a recuperação da
doença é muito fácil para ela. Esta "alma" pode traduzida também por
"MAKOTO·, "TAO" ou "GYO”.
De acordo com a Macrobiótica, todas
as doenças são produzidas através da dieta.
Isso é de fato correto. No entanto, é
depois do trabalho da "Alma” que nós podemos ingerir os alimentos de que
necessitamos.
Quando temos uma "alma” sã, nós
apenas comemos os alimentos coretos sem fazer nenhum esforço. Na verdade, são
os alimentos que produzem as doenças, o corpo e a personalidade, etc... Isso é
verdade, porque ninguém pode viver sem comer.
Agora, quem não tem essa "Alma",
quem não ouve a ordem da "alma", que não pode ver a "Ordem do
Universo", não conhece e não pode conhecer o alimento correto.
Um princípio que demonstra o que é
essa "ALMA", "MAKOTO”, "GYO”, "O BEM", "A
VERDADE”, “A BELEZA”, etc... de forma concreta, e que nos faz conhecê-lo e
assimilá-lo por nós mesmos, é o famoso "PRINCÍPIO ÚNICO” da Filosofia do Extremo Oriente.
O objetivo da cura da dieta
macrobiótica é curar as doenças da "alma" corrigindo os alimentos.
Sem ela as doenças do corpo não
curam; Além disso, como a doença do corpo é um sinal de angústia da doença da
alma, é um absurdo e é até duplicar o crime apenas apagar o sinal ou o
sofrimento. As pessoas que imaginam que o método macrobiótico se destina a
curar doenças físicas, melhoram com grande dificuldade. A macrobiótica não é um
remédio ou uma operação que interrompe a dor ou o sofrimento, mas é aquela que
apaga a causa original desse sofrimento e ensina o método para levar uma vida
feliz, brilhante e saudável sem nunca encontrar duas vezes tais infortúnios. É
por isso que a instrução macrobiótica é dada em princípio a cada pessoa apenas
uma vez na vida. Se alguém adoece de novo várias vezes, é porque a
"alma" dessa pessoa ainda não está melhorada e ela só tem que fazer
esforços, ela mesma, porque a culpa é sua.
Há quem acredite que o Macrobiótica é
uma coisa que dá regras dietéticas. Que grande erro. Há quem acredite que a
Macrobiótica consiste em comer arroz integral, bardana, cenoura e kombu. Não é
inteligente. Há também quem acredite que Macrobiótica significa não comer
açúcar, bolos ou frutas. É estupido. A macrobiótica é o processo de mudança de
nós mesmos para que possamos comer o que quisermos sem medo de adoecer, e é o
que nos faz alcançar nosso maior sonho
de vida, levando ao mesmo tempo uma vida feliz e muito divertida. A Macrobiótica
é conhecer o Infinito, viver o Infinito, viver com o Infinito, retornar ao
Infinito, admirar a Grande Natureza, o Infinito-Absoluto, como as crianças que
suspiram pela sua terna Mãe.
Quem não consegue ter tal alma, não
pode recuperar a saúde. Ele nunca se
divorcia da sua doença. A sua vida nada mais é do que uma série contínua de sofrimentos e
preocupações. Supondo que ele esteja bem
de saúde, ele nunca conhece a vida ardente, ele nunca estará seguro o
suficiente de si mesmo para viver sem medo.
No entanto, quando praticamos a
Macrobiótica, esse estado de espírito nasce sozinho e silenciosamente.
É o despertar do discernimento.
Este é o objetivo da Macrobiótica. A
macrobiótica é limpar a Grande Natureza, o país de Deus, o mundo da
"alma". Com uma profunda gratidão, nós a provamos, meditamos ali nas
graças do Grande Natureza que dá vida a este corpo humano.
Qualquer um que esteja contente, que
se gabe de que nunca esteve doente nos últimos 20 anos desde que nasceu, é um
pouco estúpido. Nunca podemos ter a certeza da nossa saúde mesmo quando nunca
tenhamos ficado doentes há 30 ou 40 anos. É perigoso ficar satisfeito com isso.
É um grande crime se vangloriar da sua saúde, mesmo quando já dura há 50 ou 70
anos. É comparável a quem se orgulha
da fortuna herdada
de seus pais, o que é desagradável de se ver. Essa pessoa não é feliz.
A certeza, a felicidade, a gratidão
de ser rico, esse estado de espírito de
pensar como usar essa fortuna da maneira mais útil, pertence apenas a quem
construiu essa fortuna fazendo bolhas nas mãos, suor na testa. Se tivéssemos
tal estado de espírito, ficaríamos muito ricos mesmo com apenas 100 francos.
Por outro lado, se alguém não tem consciência de tal estado de espírito, é um humano
estúpido que vive nas profundezas do inferno mesmo com 100.000 Francos. Ainda
mais se esse dinheiro foi dado por outras pessoas ou foi roubado de outros,
isso é pior do que qualquer coisa. A posse
em si já é um sofrimento, uma preocupação. É um castigo. É o mesmo com a saúde. Muito
raramente há alguém que possa ser grato do fundo de seus corações pela saúde e
fortuna que lhes foi dada por seus pais.
Embora seja saudável, ele é um infeliz
e um inútil se ele não tem um estado de espírito feliz, tão satisfeito que ele
procura fazer bom uso dele por todos meios.
Embora os cães ou gatos possam ficar
num estado tão patético, não é permitido aos seres humanos. Sem ter esta alegria,
esta gratidão, o homem não tem valor nem qualidade para viver. Teria sido
melhor se não tivesse nascido para levar uma tal vida. Mesmo a saúde que se constrói
por si próprio, se for só usada para si próprio, então
não será esta uma vida inútil e
miserável?
Sem valor?
Apenas aqueles que podem dar dinheiro
a outros alegremente, tem o estado de alma verdadeiramente ricos. Aquele que
não tem a alegria para distribuir o seu dinheiro, mesmo com 100.000 francos é
uma pessoa muito pobre. Ele é um escravo do dinheiro. Apenas aqueles que desfrutam
de usar a sua saúde sem arrependimento para o mundo, para os outros, são verdadeiramente
pessoas saudáveis, como homens.
Aquele que pode dar a sua vida a
outros até ao fim com alegria é um homem que homem que possui a verdadeira saúde.
Ter um tal estado de espírito é o
objectivo da
Macrobiótica e tal estado de espírito
é precisamente o ideal de vida. Em tal mundo, não há queixas, não há incerteza,
não há tristeza, medo, sofrimento e preocupação. E só há Felicidade, Amor
eterno, infinito Liberdade infinita, confiança inabalável, e satisfação total.
Quando se tem este estado de alegria,
desta gratidão, ele pergunta-se a si mesmo como distribuí-lo aos outros, e em
tal mundo tudo brilhará com a alegria. Aquele que vive num mundo assim
transmutará espontaneamente
a doença, o sofrimento em felicidade,
mesmo quando ele mesmo é acidentalmente perturbado por estes infortúnios.
Se alguém lhe atirar uma pedra, ela cairá
como flores de lótus de ouro ou prata sobre ele. Se alguém brandir uma espada contra
ele, ela brilhará como a honra que ilumina todo o universo. Se alguém lhe der veneno,
ele se irá transformar num remédio que dá a vida eterna.
A Macrobiótica é um método que liberta
o homem do mundo miserável, efémero, escravizado, pequeno, mundo estreito, e
que permite ao homem ir e renascer no mundo da “alma”, o paraíso, a terra do
infinito, da alegria infinita, antes da sua morte. Se ele não quer ir para este
mundo é melhor abandonar a prática, se ele não entrar neste mundo de plena alegria,
o mundo da Grande Vida, da Grande Natureza, o mundo do infinito. O que perturba
e impede que se entre num mundo assim é a doença infernal, a arrogância, a
avareza (egoísmo). É o pequeno “EU”.
Esta arrogância é a famosa
mentalidade que visa a riqueza, que persegue a glória, que se prende às situações,
que procura o mundo material. É a famosa origem do sofrimento na vida. É o
maior crime.
Não existe maior infortúnio do que
ter ideias tais como: “Eu sou rico”, “Eu sou saudável”.
O dinheiro tem sempre a possibilidade
de tornar-se pó de papel da noite para o dia, sem valor, e é capaz de produzir
crime e sofrimento. A saúde é tão efémera que pode sempre desaparecer pela
única razão de falta de ar e só podemos sobreviver no máximo apenas cerca de
25,000 a 30,000 dias.
Embora muitas vezes nos orgulhemos do
nosso estatuto, fama e força física, é o estatuto e a fama que convidam ao
sofrimento do sonho de uma bela flor que já está a desbotar à tarde e é esta
força física que traz a miséria do enfraquecimento sem demora.
Para esmagar em mil pedaços o egoísmo,
a ganância de um falso espírito de superioridade, arrogância, e para dar a
verdadeira felicidade, piedosa e modesta, essa é a missão da Via Macrobiótica.
É por este motivo que este caminho é necessário
para aqueles que são saudáveis.
Uma vez que mesmo pessoas com boa
saúde, pessoas saudáveis são salvas por este meio, os doentes mais facilmente
podem ser salvos.
Quem quer que tenha experimentado este
caminho por causa de uma pequena doença é incomparavelmente mais feliz do que
aqueles que não podem entrar neste caminho por causa da sua boa saúde. Deve-se
admirar a doença. É precisamente doença que é sagrada e inviolável. Se um dia a
medicina curativa ocidental puder curar qualquer doença espontaneamente, com
uma única injecção, como seremos infelizes!
Não poderemos mais conhecer ou mesmo
imaginar a alegria da boa saúde. Aqueles que não são pobres, são pobres em
espírito! É mais difícil para eles entrar na via Macrobiótica. É mais fácil um
camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus,
da Alma, no infinito.
Aqueles que são orgulhosos de
espirito! (Aqueles que afirmam ser bonitos e inteligentes, bons, honestos, etc
... ). Para eles, a Macrobiótica é muito mais difícil de compreender do que
para uma pessoa que admite ver o grande universo. É uma mentira pretender ser
um bom homem ou afirmar não cometer nenhum crime. Que tipo de bem você fez?
O que é o bem?
É falso se acreditar ser um bom homem
porque não cometeu nenhum crime, pois esta pretensão em si é um crime.
“Eu não sei o que é o bem e o mal”
disse Shinran. Viver num tal estado de espírito para além bem ou do mal, em
transcendência, desligado do bem e do mal, não é isto o verdadeiro bem?
O ato de descobrir um tal estado de
espírito é a Macrobiótica, e este ato é
"O poder de cura”. Embora sejam os alimentos que curam as doenças, é a
“alma” que escolhe os alimentos. Portanto, não há necessidade de curar doenças
com alimentos se não se pode ao mesmo tempo dar esta força da alma.
Uma vez que a doença é uma bênção de
Deus para dar a conhecer este estado de alma, a origem da Felicidade, não é de
todo necessário curar doenças se não formos uma tal pessoa. Seria melhor dar
mais doenças. Seria mesmo melhor rezar para que a sua doença fique cada vez
mais grave. Não importa, mesmo que ela morra, porque é a vontade de Deus.
Neste sentido, devemos ser gratos à
medicina moderna, que complica as doenças, que as torna cada vez piores, e obriga
os doentes a pagar enormes somas de dinheiro.
Como Deus é admirável! Este mundo é no
seu verdadeiro sentido, o país de Deus. Enquanto o homem insensatamente suja e destrói os solos e destrói este paraíso, Deus repara-o,
purifica-o, solidifica-o e torna-o limpo em cada momento e a cada segundo. Para
curar esta ARROGÂNCIA, só é preciso se apressar, e recuperar a saúde através de
Macrobiótica, para recuperar tanto a liberdade física como a liberdade
psicológica, e para meditar sobre o infinito, para viajar para a terra da "ALMA".